
O efeito dominó
Sob o verniz elegante de aplicativos móveis, painéis e dispositivos conectados existe um labirinto de dependências técnicas. Computação em nuvem prometeu escalabilidade acessível e complexidade descarregada. À medida que a adoção crescia como uma bola de neve, um punhado de gigantes (Amazon Net Providers, Microsoft Azure, Google Cloud Platform) e um pequeno círculo de outros tornaram-se a espinha dorsal dos serviços digitais modernos. Esses hiperescaladores oferecem infraestrutura tão onipresente que muitos provedores de tecnologia, mesmo aqueles que hesitam em confiar diretamente nos titãs da tecnologia, ainda dependem deles indiretamente por meio de serviços de parceiros, APIs ou até mesmo provedores de infraestrutura central que rodam na nuvem.
Quando um desses hiperescaladores sofre uma interrupção, o impacto é incontido. Ele cai em cascata. No ultimate de 2025, por exemplo, três grandes interrupções na Amazon Net Providers, Microsoft Azure e Cloudflare afetaram os setores com uma velocidade surpreendente. As companhias aéreas Delta e Alasca não puderam fazer o check-in dos passageiros. Plataformas de jogos e streaming como Roblox e Discord foram paralisadas. Até mesmo as “camas inteligentes” conectadas à Web e as campainhas residenciais com vídeo tornaram-se inutilizáveis.
É tentador considerá-los momentos embaraçosos, mas raros, no arco ascendente da indústria, mas a frequência está aumentando. Mais importante ainda, o escopo é muito mais amplo do que o visível nos mapas de interrupções. Por cada gigante das redes sociais derrubado, milhares de empresas, municípios e organizações sem fins lucrativos vivenciam as mesmas perturbações em silêncio, por vezes sem sequer saberem onde colocar a culpa.